A cultura agrícola da soja se destaca em área ocupada (36,8 milhões de hectares) e em quantidade de produção (122,2 milhões de toneladas) no Brasil (Conab, 2020), e esse destaque é devido a esta ser uma das mais eficientes culturas para a produção de proteína de alta qualidade e de excelente custo-benefício.
A proteína contida nos grãos de soja irá posteriormente compor rações e depois será convertida em proteína animal – este é o caminho principal da soja brasileira na China.
Produções recordes de até 149 (CESB, 2017) e 213 (UGCE, 2019) sacas de soja por hectare já foram registradas no Brasil e nos Estados Unidos, respectivamente. Contudo, para que tais recordes sejam atingidos, um conjunto de fatores deve ser fornecido em quantidade adequada e no momento apropriado.
Antes do planejamento dos fatores de cultivo, como a definição da genética a ser cultivada e do manejo fitossanitário, a cultura precisa ser plenamente atendida de fatores primários, como o manejo nutricional (solo), a irrigação e a disponibilidade de energia luminosa.
O não atendimento pleno de qualquer desses fatores afeta significativamente a produção final de grão, reduzindo a produtividade média (produtividade média nacional: 55,4 sc ha-1 de soja, Conab, 2020) e, consequentemente, a disponibilidade de alimento para a população.
Até recentemente, fatores como a genética, o controle de plantas infestantes, insetos, pragas e doenças, a irrigação e o manejo da nutrição mineral podiam ser manejados para elevar o teto produtivo de uma área. Contudo, o fornecimento de energia luminosa em larga escala sempre esteve na dependência da luz solar.
A luz natural varia tanto diariamente quanto conforme as estações do ano e a latitude de localização da área. Em regiões agrícolas de maiores latitudes (por exemplo, Estados Unidos e Europa), as variações sazonais de luminosidade são ainda mais expressivas, permitindo, na maioria dessas regiões, apenas uma grande safra agrícola por ano.
Avaliando esta limitação e as soluções aplicáveis é que está sendo proposta e praticada a suplementação luminosa do cultivo agrícola por meio da instalação de painéis de iluminação artificial de alta eficiência (Light Emitting Diode) em pivôs de irrigação. Esta proposta, desenvolvida pelo Grupo Fienile®, permite não só irrigar água no sentido convencional, mas também irrigar luz sobre toda a lavoura de uma forma completamente controlável.
Esta proposta, inédita pela escala de aplicação, está gerando resultados em pivô de irrigação tradicional em propriedade no município de Monte Carmelo (MG) – primeiro pivô no mundo com irrigação de água e luz.
Com apenas 40 dias de irrigação artificial de luz durante a noite – e durante o dia em períodos nublados – durante a florada e início do enchimento de grãos já foram projetados acréscimos de aproximadamente 66% na produção da soja, indo de cerca de 71 sc ha-1 (padrão da fazenda) para até 118 sc ha-1 no tratamento onde foi adicionada a iluminação artificial ao padrão da fazenda (safra 2019/20).
Essa produção acima do padrão tradicional também exigiu adequações no manejo da cultura, da semeadura à colheita, na quantidade e no momento de aplicação dos nutrientes essenciais e benéficos. Existe, ainda, a possibilidade de redução da aplicação de fontes minerais – geralmente salinas e degradantes da dinâmica do solo – pela aplicação de fontes mais sustentáveis, como remineralizadores e a adição de matéria orgânica, do aumento da eficiência dos fertilizantes minerais existentes e de adubações verdes visando fixação de nutrientes no solo.