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Os indígenas já cultivavam e consumiam a raiz muito antes da chegada dos portugueses. De fácil cultivo bom rendimento agrícola, é encontrada em todo território nacional, colocando o Brasil como maior produtor mundial de mandioca.
Em outros estados, é conhecida como aipim, macaxeira, guaxupé, morandi e outros nomes. É bastante versátil e vários produtos e subprodutos podem ser utilizados tanto na alimentação humana, quanto animal.
É utilizada já cozida ou ainda crua em diversas preparações culinárias, também é muito usada na forma de farinha, inclusive pode substituir o trigo em alguns preparos, bem como seus outros produtos derivados, os polvilhos, doce e azedo.
Os polvilhos são mais conhecidos por serem empregados no famoso pão-de-queijo, mas também trazem ótimos resultados no preparo de bolos, tortas e biscoitos. Além da alimentação, a mandioca, seus produtos e subprodutos são utilizados nas indústrias têxtil, farmacêutica e de papel.
Existem dois grandes grupos de variedade de mandioca: de mesa (mansa ou doce) e a industrial (brava ou amarga). As variedades pertencentes ao grupo de mesa são as mais adequadas para serem plantadas em quintais e hortas podendo ser colhidas desde os sete até os 14 meses, a partir daí a raiz se torna mais fibrosa, prejudicando o seu aproveitamento. Já a mandioca industrial não pode ser utilizada in natura devido ao ácido cianídrico, uma substância altamente tóxica que só é eliminada por meio do processo industrial.
Além da versatilidade, a mandioca também é conhecida como um alimento de alto valor nutritivo e fonte de energia, pois cada 100g fornece 149 calorias; possui pequeno teor de proteína (0,8%); é rica em fibras que estimulam o funcionamento dos intestinos e podem contribuir para a redução dos níveis de colesterol no sangue.
Na raiz também são encontradas vitaminas do complexo B, indispensáveis ao sistema nervoso, à digestão e à respiração e ao metabolismo das células.
As mandiocas amarelas apresentam certo teor de caroteno que se transforma em vitamina A, importante para a formação dos tecidos corporais, proteção à visão, manutenção saudável da pele, dos cabelos e das unhas, assim como proporciona o crescimento e desenvolvimento normal do organismo e a proteção do sistema imunológico.
O betacaroteno é um pigmento antioxidante, que neutraliza os radicais livres, os quais podem lesar as células e causar doenças. A mandioca contém ainda, mesmo que em pequenas quantidades, alguns minerais como cálcio, fósforo e ferro, muito importantes na composição dos dentes, ossos e sangue, dentre outras funções.
A mandioca, macaxeira ou aipim está presente na alimentação de mais de 700 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento, segundo a ONU, e é a terceira maior fonte de carboidrato dentre os alimentos, perdendo apenas para o arroz e o milho.
No Brasil, a mandioca tem um papel importante para alimentação da população, principalmente a partir de trabalho de pesquisa realizado pelo IAC, que permitiu aumentar em 20 vezes a quantidade de vitamina A a partir de desenvolvimento da cultivar IAC 576-70, conhecida como “Amarelinha”, em relação aos materiais de mandioca branca. A IAC Amarelinha possui 220 Unidades Internacionais (UI) de vitamina A diante de 10 UI presente nas variedades de polpa branca. Esse valor, no entanto, é bem superior nas novas cultivares prontas para registro no RNC-MAPA, como é o caso da IAC 6-0,1 que tem em suas raízes teor de beta-caroteno equivale à 800 UI de vitamina A.
Além do alto índice de nutrientes, o desempenho agrícola da IAC Amarelinha é tão superior comparado aos demais, que atualmente responde por grande parte das mandiocas de mesa comercializadas em São Paulo. A qualidade a faz chegar aos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Goiás e Distrito Federal.
Mandioca para indústria
O IAC já desenvolveu mais de 20 variedades de mandioca. Além de cultivar de mesa, como a Amarelinha, o Instituto Agronômico possui cultivares específicas para o uso industrial e bastante apreciadas pela indústria para produção de farinha de mandioca, fécula e polvilho. Os materiais são cultivados em São Paulo e também em outros Estados da federação. Dentre eles destacam-se a IAC 12, IAC 14 e IAC 90.
A IAC 12, por exemplo, é a cultivar que sustenta boa parte da produção industrial no Cerrado brasileiro, por seu perfil agronômico composto por resistência à bacteriose, tolerância ao complexo de pragas, alta produtividade e teor de matéria seca.
Materiais de mandioca para indústria são avaliados por pesquisadores do IAC em produtores paulistas e nas unidades regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), como é o caso das ações em conjunto com os Polos Regionais de Monte Alegre do Sul, Pindamonhangaba, Mococa, Presidente Prudente, Adamantina, Andradina, Gália, Pindorama e Assis.
A região do Médio Paranapanema, onde fica localizada a unidade de Assis, se destaca como o principal produtor de mandioca para a indústria do Estado de São Paulo, com produção que chega a 252 mil toneladas, representando 24% da produção paulista, no entanto nos últimos anos verifica-se deslocamento do cultivo rumo ao Pontal do Paranapanema. As instituições da Secretaria desenvolvem pesquisas para identificar as melhores cultivares adaptadas para a região, avaliando em diferentes tipos de solo e os melhores ambientes de produção. “A escolha adequada da cultivar de mandioca pode aumentar em 20% a produtividade da propriedade”, afirma Sérgio Doná, pesquisador da APTA.
O levantamento final da área e produção da mandioca para indústria do IEA, para o Estado de São Paulo, apontou área cultivada 62,4 mil hectares, 1,3% maior que área no ano anterior, com uma produção de 1.234,0 mil toneladas, 15,3% maior que a safra passada, apresentando um aumento de 5,4% na produtividade, que passou de 28,3, para 29,9 toneladas por hectare, acréscimo de 5,4%. A retomada de melhores preços médios recebidos pelos produtores, registrada no ano de 2019, pode ser a causa dos resultados positivos apurados neste levantamento.
Os resultados do levantamento de fevereiro de 2020, primeiro levantamento para a mandioca para indústria, registraram redução de 2,4% da área cultivada com o produto, estimada em 60,9 mil hectares. A produção e a produtividade apresentaram aumentos de 7,8% e 6,7%, respectivamente. Estimam-se produção de 1,3 milhão de toneladas e produtividade 31,9 t/ha.