Embrapa - A busca por uma alimentação saudável e equilibrada tem aumentado significativamente o consumo desta proteína no mercado mundial.
Cientistas e nutricionistas divulgam diariamente que o consumo semanal de peixes melhora a memória, previne doenças cardiovasculares, fortalece os ossos e os dentes, entre muitos outros benefícios a saúde.
Com certeza este é um dos fatores de ascensão do mercado da piscicultura no Brasil, que cresceu mesmo em meio a pandemia em relação aos anos anteriores, segundo informações do Anuário Peixe BR.
De acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura - Peixe BR, as exportações da piscicultura atingiram U$S 5,6 milhões no 3º trimestre de 2021, com aumento de 71% em relação ao mesmo período de 2020.
O mercado tem chamado a atenção de grandes e pequenos produtores rurais que enxergam na atividade uma possibilidade de diversificar a produção e geram lucro.
Nos últimos dias a imprensa divulgou o investimento grandioso feito pelo grupo Bom Futuro, presidido por Eraí Maggi Scheffer, que começará a vender peixes no varejo com uma marca própria.
O grupo Bom Futuro é um gigante do agronegócio brasileiro, são proprietários de 33 fazendas que juntas somam aproximadamente 580 mil hectares de terras cultivaveis em que se produz especialmente soja, milho, algodão e bovinos, e agora almeja se tornar o maior produtor brasileiro de peixes.
Segundo a revista Forbes, a piscicultura do grupo que fica na fazenda Filadélfia, no município de Campo Verde (MT), há 250 hectares de lâmina d’água, com capacidade atual para 3.000 toneladas de peixes.
O investimento da Bom Futuro é grandioso, na ordem de milhões de reais, porém a piscicultura tem espaço para produtores de todos os portes, e criar peixes é um excelente negócio.
Para aqueles que tem interesse em investir nesta atividade, indicamos que busquem conhecimento e qualificação. Atualmente existem cursos gratuitos e vídeos espalhados pela internet ensinando a dar os primeiros passos na atividade.
O principal passo é escolher que tipo de peixe irá criar, por isso selecionamos nesta matéria 9 espécies comerciais criadas no Brasil para lhe ajudar a conhecer um pouco mais sobre este mercado:
As 9 espécies de peixes de maior consumo no Brasil
Tilápia
Foto: Arquivo Embrapa Ela é a principal espécie de peixe criada por aqui, responde por cerca de 61% da nossa produção total, isso é muito significativo já que o Brasil produz anualmente cerca de 800 mil toneladas de peixes.
A produção naciona é liderada pelo Paraná, seguida de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. O peixe atinge o peso ideal de abate em cerca de 800 gramas e por ser uma espécie tropical, apresenta o maior potencial de desenvolvimento quando a temperatura da água se encontra entre 25°C e 30°C.
Tem excelente rendimento de filé, ausência de espinhas intramusculates (Y), baixo teor de gordura e carne muito saborosa.
Pode ser criada em tanques cavados, tanques redes em açudes e até mesmo em tanques elevados. A espécie aceita uma variedade grande de alimentos, além de apresentarem uma resposta positiva à fertilização dos viveiros.
Além disso, são bastante resistentes a doenças, ao superpovoamento e a baixos níveis de oxigênio dissolvido.
Tambaqui
Foto: arquivo É a espécie de peixe com maior número de criadores na região Norte e Centro-Oeste do Brasil. Isso se deve por sua aceitação junto ao mercado consumidor.
A espécie tem origem de águas doces tropicais e é extremamente precoce e atinge o peso ideal de 1,5 kg entre 8 a 12 meses de cultivo, podendo chegar a 2 kg em 18 meses. Seu temperamento é dócil, o que facilita o manejo e a sua alimentação pode ser variada, e podem ser utilizados tubérculos, frutas, sementes e rações de varredura. Apresenta um grande destaque em relação às outras espécies de peixes, pois tem muita facilidade em se adaptar a diferentes condições de desenvolvimento, apresentando poucos cuidados necessários para a sua sobrevivência. É um dos peixes mais simples de serem criados. A criaçãos se dá em tanques cavados e em tanques redes em lagos e açúdes.
Pintado:
Foto: Piscicultura Santa Catarina O peixe é uma espécie nativa que tem conquistado os brasileiros. Sua carne tem sabor excelente e é uma das mais apreciadas do mercado.
Além disso a produção desse peixe tem grande rentabilidade já que a cada 1,8 kg de ração consumida o peixe ganha 1 kg. A espécie se alimenta durante o dia, e por ser carnívora necessita de ração com alto teor de proteína.
Peixe de água doce e clima tropical o pintado é precoce, já que em apenas sete meses de cultivo ele pode atingir 1,8 kg.
A criação tem um grau maior de dificuldade, porém segundo especialistas o retorno do investimento está na casa de 33%.
Maiores informaçoes podem ser obtidas no manual da Embrapa sobre criação da especie clicando aqui. Carpa Cabeça Grande
Foto: Piscicultura Panamá A éspécie é muito explorado pela piscicultura por sua capacidade de criação em conjunto com outras espécies de peixes (policulivo).
Outro ponto positivo é que ele pode ser alimentado apenas com algas em colônias, rotífaros e pequenos micros crustáceos.
O peixe atinge cerca de 2 kg em um ano de cultivo, podendo chegar a 40kg na fase adulta. Por isso é uma especie muito aprecida por pesque pagues já que é dificil de fisgar.
Deve ser criada em tanques cavados, com temperatura mínima de 25° e profundidade entre 1 e 2 metros.
Nas criações semi-intensivas pode-se produzir entre 4 e 10 toneladas de peixe por hectare/ano, na extensiva cerca de 3 a 7 toneladas por hectare/ano. Dourado
Foto: Piscicultura Águas Claras Conhecido como o ''rei do rios brasileiros'', sendo a espécie mais esportiva dos rios brasileiros. A espécie pode ser encontrado na bacia do Prata, formada pelos rios Paraná, Paraguai, Uruguai e na bacia do São Francisco.
Sua maior vantagem comercial está no seu crescimento acelerado. Além disso, o dourado também ganha peso facilmente e responde positivamente ao manejo em cativeiro.
Ele alcança bons preços de venda no varejo para consumo, principalmente por sua carne ser de ótima qualidade e agradável ao paladar do brasileiro.
Responde muito bem a ração artificial, mas como é um peixe carnívoro, em determinados momentos pode ser mais vantajoso utilizar alimentos ricos em proteínas. No cativeiro, é necessário adotar técnicas de indução hormonal para provocar a ovulação das fêmeas e a liberação de esperma dos machos.
Pirarucu
Foto: arquivo Terra e Negócios É um dos maiores peixes de água doce, podendo passar dos dois metros de comprimento e chegar a pesar mais de 200 quilos. tem a carne muito saborosa.
Se adapta bem em águas com temperatura entre 24° e 37°. A sua alimentação é baseada em produtos naturais, como lambaris, tilápias e espécies forrageiras.
Na criação extensiva é melhor realizar a alimentação com rações de alto padrão. No começo da criação, eles são treinados para comer ração durante seis dias, com seis refeições diárias; mas o processo pode demorar alguns dias a mais.
Por se tratar de uma espécie grande, precisa ser criado em tanques com profundidade de 1,5 metros e largura mínima de 2 metros.
Matrinxã
Foto: Agro20 É natural da bacia amazônica e sua carne saborosa de coloração roseada o peixe é comparado ao salmão. Muito apreciado por pescadores por sua agressividade quando fisgado. Em criação o Matrinxã pode atingir cerca de 80 cm e pesar 5 kg, sendo que em apenas 1 ano chega a 1,5 kg.
Por ser onívoro, na natureza se alimenta de pequenos peixes, insetos, sementes e frutos. Porém em criações comerciais deve ser utilizada ração pelitizada fornecida 4 vezes ao dia.
Pode ser criado em tanques cavado e em tanques redes.
Piapara
Foto: Revista Pesca e Cia
Ele é primo do piaú e do piaucú, considerado um peixe de baixo custo por comer de tudo, desde vegetais, algas, larvas, insetos, entre outros. Pode ser alimentado utilizando uma dieta herbívora, o que facilita economicamente a criação.
Além disso o peixe tem crescimento rápido, boa adaptação para viver em espaços pequenos, como tanques escavados, o que não demandam muitos investimentos.
Bom de briga quando fisgado, o peixe bom de venda para pesques pagues e a carne é apreciada pela população e restaurantes.
Gosta de temperaturas entre 22°C e 26°C, pode chegar a medir 80 cm, porém o melhor rendimento está em espécies de até 40 cm e com aproximadamente 1,5 kg.
A criação precisa de acompanhamento técnico e uma aplicação de hormônios.
Peixe Pangá
Foto: Antherotec Piscicultura de Prescisão O peixe é originário do Vietnã e sua criação está em rápida expansão pelo Brasil. Da família dos bagres, tem rendimento de 50% de filé.
Conhecido como peixe-gato, é uma excelente oportunidade para criadores já que o mercado brasileiro importa aproximadamente 70 toneladas do produto por ano.
O peixe come praticamente tudo, desde algas, plantas, insetos e peixes. Porém em criação comercial deve ser utlizada ração.
A despesca deve ser feita quando o peixe atingir entre 1,2 kg a 1,5kg, e ele pode ser criado em tanques escavado, tanques suspensos, e viveiros.
Tem sido criado em maior escala nos estados do Rio Grande do Norte, Maranhão, Piauí e Ceará. LEIA TAMBÉM:
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Fonte: Embrapa, Sansuy, Engepesca, Peixe BR.