19/01/2022 às 09h50min - Atualizada em 19/01/2022 às 09h50min
Café: Ritmo de negócios segue lento com vendedores retraídos, café arábica tem alta de 4,66% em janeiro
Produtores constestam previsão de safra recorde da Conab alegando que em algumas regiões o abortamento da florada do café chegou a 70%
Redação com assessoria
CEPEA/Esalq
- Segundo informações do Cepea, a liquidez está baixa no mercado brasileiro de café neste início de janeiro. Além do recesso de fim de ano, a maior parte dos compradores e, especialmente, dos vendedores, está à espera de uma melhor definição da produção brasileira em 2022/23 para então retornar ao mercado, segundo colaboradores do Cepea.
Outro fator que tem mantido agentes retraídos é a forte oscilação dos futuros – os preços externos vêm sendo influenciados por movimentos técnicos e, no caso do robusta, pelo aumento dos embarques do Vietnã neste mês.
No mercado doméstico, as cotações têm tido menor variação, mantendo-se em patamares elevados. Especificamente para o robusta, produtores estão mais capitalizados nesta safra, devido à recente elevação dos preços, e devem vender o restante de sua mercadoria apenas em momentos de necessidade ou com novas valorizações da variedade.
Segundo o instituto, a saca do café Arábica tipo 6, está cotado em R$1.498,35. Valor descontado o Prazo de Pagamento pela taxa CDI, posto na cidade de São Paulo.
No mês de janeiro, a saca do café Arábica acumula alta de 4,66% em comparação com dezembro de 2021.
Para o café Robusta o preço da saca é de R$825,30, à vista, tipo 6, peneira 13 acima, com 86 defeitos, valor descontado o Prazo de Pagamento pela taxa CDI, a retirar na origem (ES).
No acumulado de janeiro a saca do café Robusta tem oscilado e no dia de hoje apresenta leve queda de 0,37% na comparação com dezembro de 2021.
Previsão de safra A Conab divulgou no dia 18 um relatório apontando que a Safra 2022 deve produzir 55,7 milhões de sacas de café.
A estimativa da Conab, caso confirmada, representa um acréscimo de 16,8% em comparação à 2021 – aumento já era esperado devido à temporada anterior ser de bienalidade negativa para a cultura.
O relatório foi duramente criticado pelos produtores em nossas redes sociais, estes apontam que a alta no custo dos fertilizantes, a geada no meio do ano, seguido de forte chuvas deve reduzir a produção em 20%, na comparação com a safra passada.
Ainda segundo alguns produtores, em algumas propriedade houve abortamente de até 70% da florada do café no Sul de Minas.
O fato é confirmado pelo gerente Emater-MG em Guaxupé, Willem de Araújo, explica que as esperanças de uma boa safra neste ano foram contrariadas ainda em dezembro.
“Infelizmente, houve um baixo vingamento dos frutos e se restringiu em algumas regiões a única florada. Isso foi devido a algumas questões climáticas que enfrentamos aqui no Sul de Minas, como a geada, em julho e agosto, e o longo período de estiagem, que em alguns municípios foi superior a 100 dias. Embora o cafeeiro precise de um pouco de estresse hídrico, no último ano esse fenômeno foi muito acima do esperado, o que acarretou esse baixo pegamento”, relata Araújo.
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