Em 2021 resolvemos lançar este Ranking com objetivo de chamar a atenção dos setores públicos e privados sobre a importância da valorização dos produtores de leite brasileiros, e principalmente fazer esta valorização refletir em ganho no preço pago ao produtor pelo litro de leite.
Fizemos isso para apoiar nossos leitores e mesmo recebendo muitas críticas de empresários e de setores do governo dos estados, principalmente dos Conseleites, decidimos manter o projeto, para mostrar para todo Brasil a situação real dessa multidão de brasileiros que acorda antes do sol rair e trabalha duro para levar o leite para nossas famílias.
Na primeira edição o retorno foi muito bom já que alcançamos mais de 4.400 leitores.
Além disso tivemos MILHARES de comentários em nossas redes sociais de produtores falando sobre o assunto.
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MUITOS AGRICULTORES FAMILIARES SOBREVIVEM DO LEITE
O leite está entre os cinco produtos agrícolas mais consumidos diariamente na mesa dos brasileiros, e é sem dúvida um dos alimentos mais importantes para humanidade, afinal consumimos leite desde o dia em que nascemos.
O Brasil tem aproximadamente 1,15 milhões de produtores de leite, e cerca de 70% destes fazem parte da agricultura familiar, segundo dados do IBGE de 2017.
Estes produtores são responsáveis por captar cerca de 35 bilhões de litros de leite por ano. O rebanho brasileiro de vacas atinge aproximadamente 16,3 milhões de cabeças. E o país ainda importa leite.
Para quem não sabe, ou não é do meio rural, a produção de leite é uma atividade rurais mais cansativas, além disso ela não para nunca, os produtores de leite trabalha 7 dias na semana, 30 dias por mês, 365 dias no ano, sem folga, feriado ou dia santo.
Apesar do leite ser um produto tão importante para alimentação das famílias e para o agronegócio brasileiro, ele é um dos produtos agrícolas menos valorizados, e o produtor de leite ainda menos.
CUSTO DE PRODUÇÃO
A maior parte do valor que os produtores de leite recebem é utilizado na alimentação dos rebanhos que para produzirem precisam de nutrição especial. Sem falar da energia elétrica, o diesel do trator e tudo mais que envolve a atividade.
Os custos para produção apenas em janeiro de 2022 tiveram alta de 17,23% segundo a Conab e estão hoje na casa de R$1,52/litro e com previsão de aumentar ainda mais, já que o preço do milho e da soja utilizados na nutrição das vacas está subindo todos os dias.
O milho teve alta de cerca de 78% no último ano, e a soja aumentou praticamente 90% desde abril de 2020. No mesmo período o preço do leite foi corrigido em cerca de 40%.
Para se ter uma ideia, uma lata de cerveja de 330ml é vendida a R$3,90, o mesmo preço de 1 litro de leite.
E destes R$3,90 a R$4,00 que pagamos pelo leite na prateleira dos supermercados, o produtor fica com aproximadamente R$1,99 segundo a média Brasil (Cepea/Esalq).
Numa conta simples, se o produtor vende o leite por R$1,99 e gasta R$1,52 para produzir, então temos um saldo de R$0,47 por litro vendido, o que seria um resultado aceitável não é verdade?
Porém existem estados braisleiros que pagam aos produtores muito menos de R$1,99 pelo litro de leite, e isso fez com que 20 mil famílias deixassem a atividade nos últimos dois anos.
Segundo os produtores, além do baixo preço, a desvalorização e o desinteresse do poder público em ajudar a mante-los na atividade tem desestimulado ainda mais.
Como o lema do nosso portal é “a notícia a serviço do produtor rural”, resolvemos criar o ranking brasileiro da desvalorização do leite, para mostrar ao poder público e a sociedade, onde o produtor está praticamente pagando para trabalhar.
Vamos ao ranking:
#1° lugar - Rondônia
O estado é bicampeão em nosso ranking já tem o pior preço do litro de leite pago ao produtor rural no Brasil, a informação foi confirmada pelo Conseleite do estado em sua publicação oficial de janeiro em que demonstra o preço de referência é de R$1,47/litro porém em alguns municípios se paga R$1,33/litro.
Se o custo para produzir leite está em R$1,42/litro e em alguns municípios de Rondônia o produtor recebe R$1,34/litroo prejuízo deste produtor é de R$0,08/litro.
Ainda assim, em volume de produção, Rondônia ocupa a 7° posição, o que demonstra existir ânimo do produtor para trabalhar, o que falta é incentivo.
#2° lugar - Tocantins
O estado subiu uma posição em nosso Ranking de 2022 em comparação com 2021 e chegou a vice líder.
Tocantins tem uma presença forte na produção agrícola e na pecuária do Brasil, além disso se destaca em setores como a piscicultura, porém quando o assunto é leite, a coisa é bem diferente. Por lá o preço pagos aos produtore é um dos piores,apenas R$1,46/litro na média do estado.
Então, se o custo de produção está em R$1,42/litro e o produtor recebe R$1,46/litro, o resultada da um lucro de R$0,04/litro.
A situação dos produtores do estado é bem ruim, em parte devido ao preço atual de soja e milho, utilizados na alimentação das vacas e também pelo valor recebido pelo leite que em alguns locais não cobre o custo.
#3° lugar - Bahia
O estado manteve sua terceira colocação conquistada em 2021, porém o produtor baiano é um grande guerreiro já que enfrenta dificuldades com longos períodos de seca, o que encarece ainda mais alimentar o rebanho.
As cidades que se destacam na produção baiana de leite são Feira de Santana que e Itabuna, ambas na região sul do estado.
Em Feira de Santana os produtores recebem dos laticínios o valor de R$1,55/ litro, e em Itabuna o valor é de R$1,60/litro.
O rebanho leiteiro do estado tem produtividade bem abaixo do restante do país.
#4° lugar - Mato Grosso
O IMEA-MT informa em seu site que atualmente o preço do leite pago ao produtor é de R$1,88/litro, porém o valor se altera nas diversas regiões do estado.
No município de Novo São Joaquim, na região Leste, os produtores estão recebendo R$1,60/litro. Esse baixo preço acabou gerando uma revolta e como forma de protestar os produtores distribuiram 10 mil litros de leite a população da cidade.
Na cidade de Confresa os produtores também distribuíram leite a população como forma de chamar atenção do poder público para o problema. Em 2021 os produtores do município recebiam R$2,00/litro e atualmente recebem R$1,68/litro.
Vídeo cedido pelo SBT de Confresa
A situação se repete em vários municípios e com isso o estado do agronegócio é o terceiro colocado em nossa lista.
# 5° Pará
O estado melhorou sua posição em 2022, já que no ranking passado era o vice líder.
Segundo informações do Canal Rural o preço pago aos produtores pelos laticínios atualmente é de R$1,61/litro na média, e com 30 dias de prazo.
No Pará a produção média do rebanho leiteiro é de 2,2 litros/dia por vaca, que são criadas a pasto e com baixo emprego de tecnificação, já que não se consegue investir em produção com um lucro de R$0,18/litro.
Apesar disso, o estado continua a ocupar a 12° posição entre os maiores produtores de leite do país.
#6° lugar - Pernambuco
Na última colocação deste ano encontramos o estado de Pernambuco. Segundo os institutos de pesquisa econômicas, os laticínios de lá estão pagando o preço médio de R$1,69/litro ao produtor.
A situação é dificil já que devido ao clima do semiárido, alimentar o rebanho leiteiro é um desafio ainda maior pois não tem tratar do gado a pasto e com o valor recebido pelo leite o produtor não consegue utilizar o milho e o farelo de soja como alternativa.
Se você gostou deste projeto nos ajude, compartilhe em suas redes sociais, envie pelo Whats App para que o maior número de pessoas possa saber quanto é dificil a situação dos produtores de leite brasileiros.