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O açaí, fruto da palmeira Juçara (Euterpe edulis Martius), vem sendo explorado por agricultores familiares catarinenses, que tiram dele o sustento sem comprometer a biodiversidade da floresta. A Juçara é uma espécie florestal típica do sub-bosque da Floresta Atlântica de Santa Catarina e desempenha importante papel ecológico no ecossistema florestal, mas foi explorada desde a década de 60 para obtenção de palmito a ponto de ser incluída nas espécies ameaçadas de extinção em SC e ter seu corte protegido por lei. Por meio de cultivo agroflorestal, ela vem sendo preservada para a obtenção dos frutos.
O pesquisador da Epagri/Ciram, Fábio Zambonim, explica que o aproveitamento econômico dos frutos para a produção de açaí não compromete a sobrevivência da planta e configura-se em importante estratégia de uso econômico dessa palmeira pelos agricultores familiares do litoral e Vale do Itajaí. Dentre eles, destaca-se Jânio Lohn, de São Pedro de Alcântara, que aposta na atividade e nos últimos anos iniciou a renovação e ampliação do seu pomar de 15 hectares.
O agricultor Lonh também já se prepara para a implantação de uma agroindústria de beneficiamento dos frutos para a obtenção do açaí. O engenheiro de alimentos da Epagri de Florianópolis, Henrry Petcov, presta assessoria técnica no planejamento do empreendimento. Segundo ele, as pesquisas agronômicas quando associadas aos trabalhos de agregação de valor à produção agrícola tendem a trazer resultados econômicos mais atrativos ao produtor e diminuem a vulnerabilidade inerente aos preços pagos à produção in natura.
Pesquisas para viabilizar o cultivo agroflorestal
A Epagri, em parceria com a UFSC, desenvolve trabalhos de pesquisas aplicadas e de extensão rural para, sob bases sustentáveis, viabilizar o cultivo agroflorestal da palmeira Juçara para a produção de frutos no estado. Pesquisadores da Epagri/Ciram estão realizando os estudos necessários para o zoneamento agroclimático para a fruticultura da palmeira Juçara em Santa Catarina. De acordo com Zambonim, líder da pesquisa, os resultados vão possibilitar a expansão dos pomares agroflorestais da espécie com maior segurança em SC, além de fornecer informações necessárias à viabilização de crédito agrícola para a atividade.